O Palácio Gustavo Capanema, no centro do Rio de Janeiro, será reaberto no próximo dia 20, após ficar seis anos fechado ao público, para a entrega da Ordem do Mérito Cultural. A meta é concluir a montagem do espaço até o fim do ano, quando 60% das instalações serão voltadas para visitação pública.
A ministra Margareth Menezes participou nesta terça-feira (6) de uma visita guiada com a imprensa para mostrar andares cujas obras já foram concluídas.
"É uma entrega de um patrimônio nacional. Isso é motivo de alegria. Esse palácio que tem tanta representatividade da arte brasileira quase foi vendido pela gestão ada", disse ela.
Desde o fim do ano ado, o palácio voltou a funcionar como sede istrativa de alguns órgãos públicos. A Funarte (Fundação Nacional de Artes) foi a primeira a reocupar parte do edifício de 16 pavimentos. Seções da Biblioteca Nacional e do Iphan também vão se mudar para o prédio.
O plano, porém, é que apenas 40% sejam usados para as estruturas istrativas do governo federal. O restante será aberto ao público, por meio de restaurante, biblioteca, exposição e áreas para evento.
"Estamos caminhando para implantação de um modelo de gestão. É um prédio que vai ter uma finalidade cultural muito importante. Vai est ar à disposição da população do Rio de Janeiro e vira um grande ponto turístico, ponto de encontro", afirmou o presidente do Iphan, Leandro Grass.
A obra do palácio consumiu R$ 84 milhões, usado também para manutenção de todo mobiliário original.
Ainda falta o restauro dos painéis de Cândido Portinari. O Iphan planeja realizá-lo com professores e estudantes de universidades federais, como feito com as obras de artes danificadas no Palácio do Planalto durante os atos golpistas de 8 de janeiro. A ideia é que haja visitação durante o trabalho sobre as pinturas.
"Vamos aproveitar o ensejo dessa restauração para fazer uma educação patrimonial, mostrando como acontece o restauro de uma obra de arte", disse Grass.
O palácio é uma das opções para encontros oficiais da reunião de cúpula do Brics, marcado para julho. Menezes disse que o prédio está pronto para receber os chefes de estado, mas afirmou não haver uma confirmação oficial de sua utilização.
O edifício, construído a partir de 1937 e inaugurado em 1945, é também fruto da reunião de figuras fundamentais do Brasil moderno. O time convidado para o projeto era liderado pelo arquiteto Lúcio Costa e tinha Carlos Leão, Affonso Reidy, Jorge Machado Moreira, Ernani Mendes de Vasconcellos e o então recém-formado Oscar Niemeyer, que se ofereceu para participar.
O ministro Gustavo Capanema ouvia conselhos de seu chefe de gabinete, Carlos Drummond de Andrade, poeta moderno como os arquitetos.
O prédio foi inaugurado com terraços-jardins de Burle Marx, pinturas de Alberto Guignard e José Pancetti e esculturas de Adriana Janacópulos. Os azulejos de Cândido Portinari, na fachada e rés-do-chão, chamam a atenção do lado externo.
A rotina de obras no Capanema começou em 2013, quando o prédio fechou parcialmente para visitação. Desde então, elevadores, janelas, jardins e colunas foram substituídos. Vidros quebrados pelo vento e depredações foram recolocados. O prédio, há anos com entrada fechada por tapumes, escondeu-se da população.
Em 2021, o então ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a colocar o prédio na lista de imóveis a serem vendidos em um feirão à iniciativa privada. A Justiça Federal impediu a venda.
Antes, em 2016, o edifício foi ocupado durante 70 dias por manifestantes contrários ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e ao fim Ministério da Cultura no governo Michel Temer (MDB).
O movimento Ocupa MinC fez vigília no prédio e recebeu apoio da classe artística, que organizou apresentações. Arnaldo Antunes, Erasmo Carlos, Caetano Veloso e Otto foram ao local.
Nesta terça, cerca de 20 servidores do Ministério da Cultura protestava na frente do palácio em favor de um plano de carreira para a categoria. A ministra disse que o tema está em negociação no governo federal.
"O Ministério da Cultura tem apoiado e auxiliado no diálogo com o Ministério de Gestão. Tenho uma expectativa positiva. Será um grande presente no 40 anos do Ministério da Cultura o governo poder materializar esse plano de carreira", disse Menezes.