Prestes a lançar o livro "Que Não se Repita", pela recém-inaugurada editora Seja Breve, o professor de jornalismo Eugênio Bucci se prepara para a Feira do Livro em São Paulo, onde lança também um novo livro e debate os 40 anos da redemocratização do Brasil.Prestes a lançar o livro "Que Não se Repita", pela recém-inaugurada editora Seja Breve, o professor de jornalismo Eugênio Bucci se prepara para a Feira do Livro em São Paulo, onde lança também um novo livro e debate os 40 anos da redemocratização do Brasil.
Um homem está sentado à mesa, com as mãos unidas em frente ao rosto, em uma expressão pensativa. Ele usa uma camisa branca e tem cabelo escuro. O fundo é uma parede de concreto com textura visível, criando um contraste com a iluminação suave que destaca seu rosto.O jornalista Eugênio Bucci, autor de 'A Razão Desumana' e 'Que Não se Repita' - DivulgaçãoProfessor da USP (Universidade de São Paulo), Bucci já tem outros livros publicados sobre jornalismo. Em "A Razão Desumana", o autor discute como a prática mudou diante de fenômenos recentes como as redes sociais, a pandemia de Covid-19 e a popularização das inteligências artificiais generativas.
O livro investiga a nova racionalidade que tomou o mundo, de uma lógica desumana ditada pela fusão entre técnica, capital e linguagem. Bucci cita como exemplo os aplicativos de namoro que colocam pessoas em contato com robôs.
"Nesse utensílio digital temos a fusão entre a técnica (representada aí pelas tecnologias da cibernética), o capital (que está nas relações de produção e de consumo de mercadorias imaginárias, incorpóreas) e a linguagem (hoje, as máquinas aprenderam a falar e se tornaram sujeitos de linguagem)", diz o autor.
Essa razão, segundo Bucci, além de desumana, não é democrática. "É uma força material que conspira contra a ordem democrática substituindo o entendimento entre as pessoas por processos maquínicos automáticos e burocráticos", afirma.
Para ele, a tecnologia não é um mal, o problema "são as relações sociais e as relações de propriedade que amarram toda forma de tecnologia atual".
A democracia será tema do encontro entre Bucci e o historiador Carlos Fico na Feira do Livro. Os dois se reúnem no sábado (14), às 13h45, no Palco Petrobras, para tratar dos 40 anos da democracia brasileira.
Bucci afirma que é importante valorizar a durabilidade da Constituição de 1988 e o atual arranjo democrático, mas também aponta os "retalhos problemáticos" que formaram esse regime.
"Para começar, é uma democracia que não se traduz em benefícios materiais para a imensa maioria da população. Não há segurança nem justiça social para os brasileiros. Mesmo assim, ela é melhor, muito melhor, que qualquer alternativa. Precisamos insistir nela, aperfeiçoá-la e transformá-la rapidamente."
Além de refletir sobre os limites e contradições da democracia, Bucci também se debruça sobre os ataques que ela sofreu nos últimos anos. Em "Que Não se Repita", o autor faz um diário sobre o cotidiano do país durante o governo de Jair Bolsonaro —das múltiplas agressões à cultura e a jornalistas até a tentativa de golpe de Estado pela qual o ex-presidente responde hoje no Supremo Tribunal Federal.
O livro sai pela editora Seja Breve, nova empreitada de Cadão Volpato e Bernardo Ajzenberg. "Eu disse sim para o convite [de publicar o livro] porque os dois são escritores que iro há muitas décadas e foram meus camaradas na juventude", conta Bucci. "Nós militamos juntos contra a ditadura. Éramos trotskistas."