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ECONOMIA
Terça-feira, 10 de Junho de 2025, 00h:00

AGRO

Pecuaristas de Mato Grosso apostam em aporte verde para atrair mercado externo 1z1u3x

Medida, aliada à certificação do país de ser livre de febre aftosa sem necessidade de vacinação, é vista como geradora de confiança para ampliar exportações 132wu

MARCELO TOLEDO
Da Folhapress - Cuiabá

Com um mercado global altamente competitivo, pecuaristas de Mato Grosso apostam num projeto iniciado há três anos para manter os atuais parceiros e atrair novos compradores, mais exigentes e que pedem uma carne bovina cada vez mais sustentável.

Intitulado aporte verde, o projeto tem como objetivo garantir aos compradores a rastreabilidade total e a qualidade da carne produzida no estado, priorizando a sustentabilidade.

A proposta é certificar que a carne mato-grossense, estado que abriga o maior rebanho do país, com 33,6 milhões de cabeças, seja produzida seguindo critérios ambientais rigorosos, que incluem o fim do desmatamento ilegal, a redução das emissões de gases do efeito estufa, a valorização da biodiversidade e a inclusão de pequenos pecuaristas.

Desenvolvido pelo Imac (Instituto Mato-grossense da Carne), o projeto ganha robustez nas discussões num momento em que o Brasil obtém certificação de ser um país livre da febre aftosa sem a necessidade de vacinação de seu rebanho. O país não tem registro de ocorrência da doença desde 2006.

O tema foi um dos principais debatidos na semana ada durante o lançamento do Congresso Mundial da Carne, que acontecerá em outubro em Cuiabá, e um projeto de lei instituindo o aporte verde deverá ser enviado nas próximas semanas à Assembleia Legislativa de Mato Grosso.

As discussões, embora coordenadas pelo Imac, envolvem pecuaristas, indústrias, governo estadual, Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso), MPF (Ministério Público Federal) e Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso), entre outros.

"Percebemos que tínhamos a chance de criar um grande programa com esse projeto [...] Somos sustentáveis, temos excelente qualidade e preços competitivos. Esse tripé faz criar uma série de iniciativas para que a gente ganhe mercado", disse o pecuarista Caio Penido, presidente do Imac. O instituto, criado há nove anos, reúne em seu conselho membros do governo, do setor pecuário e das indústrias frigoríficas.

O aporte verde foi apresentado pela primeira vez na COP 27, no Egito, e é visto pelo setor como um programa inclusivo, não punitivo. Depois foi levado à maior feira de alimentos da Ásia, na China, e agora o setor espera que seja apresentado pelo governador Mauro Mendes (União Brasil) aos deputados estaduais e e a tramitar no Legislativo.

No ano ado, o país bateu recorde de exportações de carne bovina, com 2,89 milhões de toneladas, 26% mais que no ano anterior. Foram movimentados US$ 12,8 bilhões, segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, compilados pela Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes).

A China é o principal destino, com 1,33 milhão de toneladas e US$ 6 bilhões em faturamento, seguida por Estados Unidos (229 mil toneladas e US$ 1,35 bilhão).

"Quem comprar vai saber onde nasceu o bezerro, onde ele foi desmamado, onde foi engordado e onde foi abatido para depois ser exportado", afirmou o secretário do Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, César Miranda.

Ele disse que o aporte permitirá adotar políticas para trazer o pecuarista com algum problema ambiental de volta à legalidade. "É um projeto em que estamos falando em quase 34 milhões de cabeças, não é do dia para a noite que você consegue fazer a rastreabilidade. Calculamos que em um período de quatro anos conseguiremos atingir todas essas coisas."

Penido afirmou não preferir falar em prazos, mas em condições e tempo necessário para que os pequenos produtores encontrem seus caminhos.

"O que o mundo quer da gente, o Ministério Público Federal quer, é que a gente demonstre avanço. Temos que mostrar que estamos avançando, não precisa ser no ano que vem. Se em 2030 a gente chegar com melhorias em relação ao que a gente tem hoje, está bom, a gente vai avançando."

 

CONGRESSO PRÉ-COP

Tido como principal fórum global dedicado às proteínas animais, o congresso mundial da carne é bianual e organizado pelo IMS (International Meat Secretariat), reunindo representantes da cadeia produtiva de carne de diversos países.

O segmento afirma que o congresso deste ano será uma oportunidade para destacar o compromisso do Brasil com a produção responsável e atender às crescentes demandas dos mercados internacionais por produtos de alta qualidade, rastreáveis e sustentáveis.

Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, Itália, China e Japão estão entre os mercados a serem atingidos com o evento, que deve reunir 500 pessoas.

Penido afirmou que a ideia inicial é levar o aporte verde também à COP 30, em Belém, mas ele afirmou não saber se conseguirá, devido à dificuldade geral em encontrar hospedagem na capital paraense.

Até por isso, o congresso entre 27 e 31 de outubro é visto como a chance de mostrar ao mundo os avanços da pecuária mato-grossense. "O mundo estará olhando para o Brasil [...] Vamos antecipar temas no congresso, uma miniCOP do agro para debater."

 


Edição EDIÇÃO 16716




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